A Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania
(CCJ) aprovou, nesta terça-feira, projeto de lei de criminaliza a venda
ou fornecimento de bebidas alcoólicas a menores de idade. Segundo o
senador Humberto Costa (PT-PE), autor da proposta, ela põe fim à
controvérsia jurídica em relação ao enquadramento da prática, que está
inserida na Lei das Contravenções.
Atualmente, o Artigo 81 do Estatuto da Criança e do Adolescente
(ECA), determina que é proibido vender bebidas alcoólicas para crianças
ou adolescentes. Já o Artigo 243 diz que é crime "vender, fornecer ainda
que gratuitamente, ministrar ou entregar, de qualquer forma, a criança
ou adolescente, sem justa causa, produtos cujos componentes possam
causar dependência física ou psíquica". Mas, nem sempre, o fornecimento
de bebidas alcoólicas a menores era enquadrado nesse artigo.
- Havia quem dissesse que o álcool não causa dependência e, por isso,
a prática não era julgada como desrespeito ao Artigo 243. Assim, alguns
juízes acabavam se baseando na Lei de Contravenção, que prevê penas
mais brandas - disse o senador em entrevista ao GLOBO.
Por isso, o projeto revoga dispositivo da Lei das Contravenções que
vinha permitindo punições mais brandas para os culpados. O texto fixa
pena para de dois a quatro anos para quem "vender, fornecer ainda que
gratuitamente, servir ou entregar bebida alcoólica a pessoas com menos
de 18 (dezoito) anos de idade". Agora, o estabelecimento que fornecer
bebida a menores de idade paga multa de R$ 3 mil a R$ 10 mil e fica
interditado até efetuar o pagamento.
- Endurecemos com quem tem vendido e fornecido bebidas a menores - concluiu Humberto Costa.
Com a aprovação da CCJ em decisão terminativa a proposta seguirá
direto para a Câmara dos Deputados, caso não haja recurso para votação
pelo Plenário do Senado.
O projeto foi aprovado no Senado uma semana após a divulgação de uma
pesquisa da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) que revelou que o
brasileiro está bebendo mais frequentemente e de maneira mais
prejudicial. O II Levantamento Nacional de Álcool e Drogas (Lenad)
mostrou que, de 2006 a 2012, a frequência em que se bebe aumentou 20%.
No mesmo período, a prática de ingerir mais de quatro doses em duas
horas - considerada perigosa para a saúde - cresceu 31%.
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